Em um mundo que clama por diversidade, equidade e inclusão, é preocupante observar como as grandes marcas, principalmente as varejistas, continuam a ignorar um público valioso e poderoso: pessoas com mais de 50 anos, principalmente as mulheres.
Enquanto os homens ainda são retratados em posições de poder e alvo de produtos de luxo, as mulheres 50+ muitas vezes são deixadas de lado, como se não fizessem parte do cenário consumidor. Esse fenômeno é um reflexo da falta de compreensão em relação ao verdadeiro potencial desse público, bem como uma visão limitada que ignora as nuances da diversidade geracional e de gênero.
É inegável que as marcas têm uma predileção pelo consumidor jovem, muitas vezes direcionando suas estratégias de marketing e publicidade exclusivamente para pessoas abaixo dos 50 anos. No entanto, essa abordagem míope não apenas ignora a realidade demográfica da população, mas também desperdiça uma oportunidade significativa de crescimento.
As pessoas 50+ constituem um segmento considerável da sociedade e possuem um poder econômico substancial. Elas não apenas consomem produtos de saúde, mas também têm necessidades diárias que merecem ser atendidas. E muitas vezes podem se questionar em meio ao universo da publicidade “Cadê eu?”. Hoje, a sensação de pertencimento das grandes marcas por todos é ofuscada, uma vez que as campanhas publicitárias insistem em adotar uma visão estereotipada.
Na realidade, o público 50+ é diverso e dinâmico. Muitos são aposentados, é verdade, mas outros continuam trabalhando e ocupando cargos de destaque nas mais diversas áreas. Eles buscam produtos que os auxiliem a permanecerem ativos e saudáveis, mas também desejam itens que facilitem o seu dia a dia, desde produtos de beleza até vestuário e tecnologia.
O olhar atento para o pilar geracional é essencial para criar uma sociedade mais inclusiva e equitativa. Ignorar as necessidades e aspirações do público 50+ não apenas perpetua a invisibilidade, mas também contribui para a exclusão de um grupo que merece ser valorizado e respeitado. A autoestima e o poder econômico dessas mulheres e homens não devem ser subestimados.
Em julho do ano passado, tive uma conversa com a jornalista Márcia Monteiro – que inspirou este texto, que por sua vez amadureceu ao logo deste mais de um ano -, estudiosa da incrível “Revolução 50+” e criadora da “Geração Ilimitada”, uma empresa especializada no estudo da nova longevidade, das tendências do mercado 50+ e da potência da integração entre gerações. Na ocasião, Márcia comentou que “é hora de abraçar o conceito de ‘Empoderamento Feminino 360’”, que reconhece a luta pela igualdade de gênero sem limite de idade. As mulheres 50+ têm enfrentado ciclos de vida marcados por desafios. Elas diariamente quebram os padrões da sociedade, rejeitando a invisibilidade e reivindicam seu espaço no mercado de consumo.
Para construir um mundo verdadeiramente diverso e inclusivo, as marcas precisam repensar suas estratégias de marketing e publicidade. É preciso reconhecer a riqueza da diversidade geracional e de gênero, e incluir o público 50+ em suas narrativas e produtos.
Este não é meu lugar de fala, mas apenas estudando e buscando entender melhor sobre DE&I e empatia, poderemos quebrar as barreiras da invisibilização e promover uma sociedade onde todas as idades e gêneros sejam celebrados e respeitados. É hora de responder à pergunta “Cadê eu?” com a sensação legítima de pertencimento, inclusão, empoderamento e equidade.